quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Matéria Escrita pelo meu amigo Gilponês para o Site www.bocadaforte.com.br

Sobre o Fórum -
Vem Comigo Hip Hop Arte "Rumos da Cultura Urbana", que aconteceu no dia 05 de Novembro de 2010 no Teatro Municipal de Barueri-SP.

Matéria escrita por: Gilponês
Para o site: www.bocadaforte.com.br

Vem Comigo Hip-Hop Arte: a cultura que educa e transforma
Data: 10/11/2010

Projeto que envolveu cerca de 25.000 crianças e adolescentes de Barueri (SP) comprova que o hip-hop pode ser um importante aliado da educação

É praticamente unânime a ideia de que é na educação (ou na falta dela) que se encontram explicações para a maioria dos problemas sociais que nos afligem. Da mesma forma, também é consenso geral teorizar que, na própria educação, ignorada e sucateada por boa parte do poder público, está a solução para tais problemas. Por que, então, não unir o útil ao agradável, utilizando a cultura hip-hop, tão apreciada pelas crianças e adolescentes, como um instrumento de complemento educacional? A resposta foi dada na última sexta-feira (5/11), no Teatro Municipal de Barueri (SP), com o evento Vem Comigo Hip-Hop Arte - um fórum que coroou um interessante projeto capitaneado pelo MC e ativista Joul, do grupo Matéria Rima.

Ótimo exemplo de como o hip-hop pode ser um poderoso instrumento educativo, o álbum do Matéria Rima, Procurando Respostas, lançado em agosto de 2005, é o tipo de trabalho que não tem prazo de validade. Muito bem elaboradas, suas músicas usam como temática principal assuntos relacionados a disciplinas escolares, como Química (na faixa "A química perfeita"), Astronomia ("UniverSom"), Literatura ("?Livro um ler que por"), Anatomia ("Concreto e anatômico"), Geografia ("De rolê pelo país"), e assim por diante. Há, inclusive, relatos de alunos que atribuíram boas notas em algumas dessas matérias graças ao conteúdo assimilado através das músicas do Matéria Rima.

O evento realizado na semana passada encerrou um ciclo feito por toda a cidade, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Barueri. Desde março deste ano, Joul esteve à frente de uma série de ações que percorreram 31 escolas da rede municipal, levando a cerca de 25.000 alunos as manifestações artísticas do hip-hop, além de atividades desportivas, oficinas profissionalizantes, palestras, debates e apresentações de artistas já consagrados. Cada região da cidade (norte, sul, leste e oeste) teve um evento, por cujos palcos passaram nomes como Rappin` Hood, Thaide, Negra Li, DJ Hum e Sampa Crew, entre outros.

Uma exposição com centenas de capas de LPs de rap nacional e painéis de graffiti desenvolvidos por alunos da rede municipal deram colorido especial à entrada e ao saguão do teatro. Do lado de dentro, no fórum, houve uma mesa de debates com o tema "Rumos da cultura urbana". A discussão teve como convidados o escritor e rapper Ferréz (1 da Sul), os grafiteiros Tota e Binho, o renomado artista plástico Juan José Balzi, o jornalista e crítico musical Pedro Alexandre Sanches, representantes da Guarda Municipal de Barueri e o secretário municipal de Cultura e Turismo, Getúlio Fogaça.

O poder educativo do hip-hop, a polêmica distinção (ou não) entre pichação e graffiti, a instável relação do poder público com a cultura urbana, a importância da literatura, os aspectos positivos e negativos do funk carioca na periferia, o empreendedorismo no hip-hop e reflexões sobre o racismo na sociedade brasileira foram alguns dos assuntos abordados no debate. Na plateia, havia também personalidades como o rapper Billy, DJ Hum e Nelson Triunfo, considerado o "pai do hip-hop brasileiro".

Ao encerramento do evento, boa parte do público subiu ao palco para realizar apresentações artísticas. Primeiro, foi a vez do grupo de dança Elementos, formado por 11 alunos da escola municipal "Júlio Gomes Camisão". Depois, foi a vez do BG 220, formado por cinco b.girls. De repente, uma surpresa: Joul chamou para o palco o guarda municipal José Moia, que, mesmo fardado, mostrou suas habilidades no breaking e dançou ao lado dos b.boys Danzinho e Brasília - mostrando que é possível moradores de periferia e agentes de segurança pública se respeitarem em torno da arte.

Por fim, foi a vez das apresentações do grupo de dança Four Funk, formado por alunas de Nelson Triunfo, e de Fábio, um aluno deficiente visual, que cantou um comovente rap sobre o direito à educação para portadores de todo tipo de deficiência. Enfim, foi um dia em que distintas gerações do hip-hop mostraram a essência transformadora da cultura de rua, por meio de diferentes cores, sonoridades, gestos, etnias e sotaques. E, tendo a educação como pano de fundo, foi uma oportunidade de todos os participantes aprenderem e ensinarem algo.


[+] Leia um texto de Pedro Alexandre Sanches sobre o evento realizado

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