segunda-feira, 7 de novembro de 2011
II Fórum de Hip Hop de Barueri-SP. Rumos da Cultura Urbana "Politicas Públicas Para Cultura Urbana" - Americo Cordula (Diretor de Estudos e Monitoramento Minc) Acabo de chegar em casa aqui em BSB, depois de passar o Dia Nacional da Cultura (Viva!) em Barueri - SP, com Hip Hop na veia. Muito bom ver Matéria Rima trabalhando na gestão pública, nas escolas municipais e fazendo toda a diferença. Joul muito bem sacado trabalhar junto com a banda de música da Guarda Municipal, inclusive formando um guarda B-Boy (o Moia) e os arranjos do maestro Moni para as seus Rap. Outro diferencial é que a secretaria de educação e a da cultura trabalham juntas e estes meninos atuam durante o período de aula, ou seja é possível, quando existe vontade política mudar e incluir arte no dia-a-dia da escola. Parabéns a todos e vida longa ao projeto.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Quinta feira 13 de Outubro Joul Matéria Rima embarca para a Alemanha para o City Of Hip Hop Berlim!!! A ultima vez que o Mc, Empresário,Produtor de Eventos, Arte educador esteve representando o Brasil em terras alemãs foi em 2006, para a Copa das Culturas. E desta vez ficará por lá um pouco mais: Pois o City Of Hip Hop "Conceitos de Rua" terá uma agenda extensa de oficinas,workshops, apresentações entrevistas em rádio e tv. Show de Bola??? Não!!! De Hip Hop.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
AGENDA MATÉRIA RIMA.
Agenda Matéria Rima.
por Matéria Rima, quinta, 8 de setembro de 2011 às 23:30
EMEF - Ézio Berzaghi - Manhã do 6° ao 8° ano=564 alunos 12/09/11 Jd. Belval Barueri–SP.
EMEF - Alfredo do Carmo -Tarde do 4° ao 8° ano=314 alunos 13/09/11 Jd. Belval Barueri-SP
EMEF - Raposo Tavares - Tarde do 6° ao 8° ano=287 alunos 15/09/11 Centro Barueri-SP
EMEF - Alexandrino da Silveira Bueno - Tarde do 4° ao 8° ano=542 alunos 16/0911 Jd Silveira Barueri-SP
EMEF - José Leandro B. Pimentel - Manhã do 4° ao 8° ano=580 alunos 19/09/11 Jd Silveira Barueri-SP
EMEF - Lênio Vieira de Moraes - Manhã do 5° ao 8° ano=446 alunos 20/09/11 Jd Silveira Barueri-SP
EMEF - Fioravante Barleta - Manhã do 4° ao 8° ano=812 alunos 22/09/11 Pq dos Camargos Barueri-SP
EMEF - Margarida Maria Maciel - Tarde do 4° ao 6° ano=651 alunos 23/09/11 Vale do Sol Barueri-SP
EMEF - Renato Rosa - Manhã do 3° ao 8° ano=1168 alunos 26/09/11 Pq Viana Barueri-SP
EMEF - Amador Aguiar - Manhã do 4° ao 8° ano=362 alunos 27/09/11 Pq Imperial Barueri -SP
EMEF - Levy Gonçalves de Oliveira-Manhã do 4° ao 8° ano=731 alunos 29/09/11 Pq Imperial Barueri-SP
EMEF - Rita de Jesus - Tarde do 3° ao 7° ano=544 alunos 30/09/11 Pq Imperial Barueri-SP
EMEF - Jorge Augusto de Camargo - Manhã do 4° ao 8° ano=522 alunos 03/10/11 Engenho Novo Barueri-SP
EMEF - Armando Cavaza - tarde do 6° ao 8° ano=512 alunos 04/10/11 Engenho Novo Barueri-SP
EMEF - Luiz de Oliveira Andrade - Tarde do 4° ao 7° ano=569 alunos 06/10/11 Engenho Novo Barueri-SP
EMEF - Sandro Luiz Braga - Tarde do 4° ao 6° ano=228 alunos 07/10/11 Engenho Novo Barueri-SP
EMEF - Gilberto Florêncio - Manhã do 4° ao 8° ano=482 alunos 10/10/11 Reginalice Barueri-SP
EMEF - Agenor Lino de Matos - Manhã do 4° ao 7° ano=381 alunos 11/10/11 Flórida Barueri-SP
EMEF - Egídio Costa - Manhã do 6° ao 8° ano=394 alunos 17/10/11 Califórnia Barueri-SP
EMEF - Caio Prado Jr - Manhã do 6° ao 8° ano=357 alunos 18/10/11 Califórnia Barueri-SP
EMEF - Yojiro Takaoka - Manhã do4° ao 6° ano=131 alunos 20/10/11 Aldeia da Serra Barueri-SP
Espaço Criança Engenho Novo 21/10/11
domingo, 4 de setembro de 2011
10ª Edição do "VEM COMIGO HIP HOP ARTE", no ultimo Sábado 03/09/11
10ª Edição do "VEM COMIGO HIP HOP ARTE", no ultimo Sábado 03/09/11
A 10ª Edição do "VEM COMIGO HIP HOP ARTE", no ultimo Sábado 03/09/11, no Parque Municipal em Barueri. Não poderia ter sido melhor!!! O sol bem lindo no céu, o parque municipal de Barueri é espetacular, muitas crianças (o futuro), mamães, papais, dançarinos de altíssimo nível, Dj Sub, Dj Marina e Dj Meio Kilo lançaram uns underground cabulosos,B.girl Nitro, jurada da batalha uma simpatia, Bispo sem palavras, e B.boy Alam, muita força e técnica, Identifiq de Guarulhos, mostrou que o Hip Hop está garantido com o Mc. Gigante, de apenas 11 anos, LICA TITO ARREBENTOU!!! A menina canta muito e é super feliz, tranquila, sabe o que faz. John Douglas mandou seu rap junto com LDO e os elementos iam dialogando uns aos outros, quando Miss,Crica,Flah,Tikka e Formiga deram um colorido especial com seus desenhos, Us da Rua com sua força e atitude fez a galera sair do chão, Joul e Sasquat Matéria Rima pede "Palmas para quem sempre faz o bem sem olhar a quem"...E o clima harmonioso continua como todas as edições anteriores, e antes de saber qual seria a Crew de dançarinos que embolsaria R$ 1.000,00 DBS e a Quadrilha detonaram, e o público foi ao delírio com o Hit QUI NEM JUDEU. E por fim, Gan Style ganha pelo segundo ano consecutivo a batalha de dança de rua...É isso ai. Agora do dia 12 de Setembro ao Dia 20 de Outubro, iremos levar esse clima para dentro das escolas municipais de Barueri e dialogar com alunos de 3ª à 8ª série , professores, diretores, coordenadores e toda equipe que forma o futuro do país. Muito obrigado. Joul Matéria Rima.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
9ª Edição "VEM COMIGO HIP HOP ARTE" 06 de Agosto Barueri-SP. (GRÁTIS)
É com grande satisfação com que venho informá-los que em apenas um ano e meio estamos indo para a 9ª Edição do programa “Vem Comigo Hip Hop Arte”.
A Prefeitura municipal de Barueri vem apostando significativamente na cultura Hip Hop, e por isso hoje o programa “Vem Comigo Hip Hop Arte” esta sendo elogiado e considerado um dos melhores encontros da Cultura Urbana do país, por ser realizado mensalmente e com uma preocupação extrema com a informação que é transmitida ao longo das etapas de rua, escolas e do fórum.
Unindo os quatro elemento desta cultura e mais Skate e Streetball.
No próximo dia 06 de Agosto, estaremos na pista de Skate do Jardim Belval, com convidado especial MC/DJ FINO, vindo diretamente de Manaus região norte do país para dialogar e continuar trocando experiências e transmitindo conhecimento com a população de Barueri e região.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
8ª Edição "Vem Comigo Hip Hop Arte" 02 de Julho - Parque dos Camargos-Barueri-SP (GRÁTIS)
A proposta do projeto “Vem Comigo Hip Hop Arte” é uma ação educativa e crítica, frente a crianças e jovens em situação de risco ou não, que se encontram a margem da sociedade, valendo-se da linguagem para promover o autoconhecimento e a construção de uma nova identidade social, reintegrando-os através de oficinas e workshops de dança, música, graffiti e discotecagem. Levando conhecimento e informação de uma maneira clara e divertida, o projeto Vem Comigo Hip Hop Arte, é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Barueri e que está chegando à sua 8ª edição em apenas um ano e meio desde sua criação.
Este ano procuramos trazer para o famoso bate papo que acontece durante o evento, artistas de outros estados para dialogar com os moradores do município de Barueri e região. Algo que está sendo um grande sucesso e uma das melhores maneiras que encontramos para que realmente aja uma troca de experiências e informação, entre artistas, público.
No ultimo dia 28 no Jd. Mutinga, Zé Brown (Pernambuco), deu uma aula de Rap genuinamente brasileiro. E agora Barueri se prepara para receber diretamente de Brasília-DF ( X ) fundador do grupo Câmbio Negro.
Surgiu em 1990, em Ceilândia, periferia de Brasília. O grupo laçou o primeiro CD – “Sub Raça” – em julho de 1993. Em pouco tempo, o disco vendeu mais de 20 mil cópias, obtendo boa repercussão em países como Portugal, Espanha, e Japão. Nesse mesmo ano, a banda incorporou um baixista, um guitarrista e um baterista. Em 1996, o Câmbio Negro lançou o CD “Diário de um Feto”, que vendeu 2 mil cópias logo nos primeiros quinze dias. Seu terceiro trabalho foi lançado em 1999 pela Trama, intitulado simplesmente “Cambio Negro”. Em 2000, a banda se desfez e X o vocalista, partiu para carreira solo.
E no dia 02 de Julho na Rua Iara altura, 499 no Parque dos Camargos em Barueri, você vai poder bater um papo com esse grande expoente da nossa Cultura Urbana.
Grátis.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
7ª Edição "Vem Comigo Hip Hop Arte" Barueri-SP. Jd. Mutinga (GRÁTIS) 13h às 18h
Depois do sucesso do dia 30 de maio na Chácaras Marco em Barueri. Agora o projeto "Vem Comigo Hip Hop Arte" chega ao jardim Mutinga: Dia 28 de Maio das 13h00 as 18h00, os quatro elementos da cultura Hip Hop e mais Street Ball e Skate, farão a festa junto com o (ZÉ BROWN), nosso convidado especial vindo diretamente de Recife, Pernambuco armado com seu pandeiro, para rimar sobre sua pesquisa e sua trajetoria entre cultura urbana e culturas tradicionais nordestinas como o repente, a embolada e o aboió.
Zé Brown falará também das ações sociais que ele incentiva e acompanha em Recife, no próprio bairro do Alto José do Pino na Zona Norte de Recife.
Sempre com os quatro elementos da cultura Hip Hop e mais,streetball e skate levamos um caminhão palco e essa mensagem, aos quatro cantos do município. Não Percam!!!
(GRÁTIS)
Inf. 11 9825-2333 / 11 4618-5273 / 4199-1600
quarta-feira, 4 de maio de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
Evento: "Vem Comigo Hip Hop Arte"
Discrição: Depois do sucesso em 2010, das cinco etapas realizadas nos bairros da cidade de Barueri, atingido leste, oeste, norte, sul e centro, e das ações realizadas nas escolas do município, que atendeu em torno de 25.000 jovens de 5ª a 8ª Série e o 1º Fórum, onde foi discutido Rumos da Cultura Urbana.
A proposta para 2011 é atingir toda a região oeste de São Paulo, e porque não o estado e o Brasil?
A Prefeitura Municipal de Barueri, através da Secretaria de Cultura e Turismo, vem com força total em 2011, em prol da Cultura Hip Hop.
O objetivo do projeto Vem Comigo Hip Hop Arte é de levar conhecimento e informação de uma maneira clara e divertida.
O nosso primeiro convidado para este ano, é o renomado MC Marechal, vindo diretamente de Niterói Rio de Janeiro, para que ele possa contar um pouco da sua experiência dentro da cultura urbana, contribuindo com os seus versos e pensamentos nessa maravilhosa tarefa de transformação humana, mostrando para nossa juventude que está ligada direta ou indiretamente ao projeto (pois ele é realizado em praça pública), que existem outros caminhos e exemplos positivos a serem seguidos.
Sempre com os quatro elementos da cultura Hip Hop e mais,streetball e skate levamos um caminhão palco e essa mensagem, aos quatro cantos do município.
Sempre com os quatro elementos da cultura Hip Hop e mais,streetball e skate levamos um caminhão palco e essa mensagem, aos quatro cantos do município.
Data: Sábado 30 de Abril 2011
Hora: 13h00 às 18h00
Endereço: Av. Sumaré, 370 – Chácaras Marco - Barueri-SP.
Ponto de Referência: Estrada dos Romeiros, divisa de Santana do Parnaíba com Barueri.
Grátis
Informações: 11 9825-2333 / 11 6386-7627
Joul Matéria Rima
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
2011 COMEÇA!!!
E O HIP HOP EM BARUERI
NÃO para !!!
aguardem!!!
vem ai:
vem comigo hip hop arte/2011
SÁBADO, NOVEMBRO 06, 2010
a humanidade vive a perguntar se existe vida em outro lugar
Hoje estive no município de Barueri, na região oeste da Grande São Paulo, para participar de um debate num programa educativo ancado pela prefeitura (tucana) da cidade e coordenado pelo Joul, integrante do fenomenal grupo de hip-hop Matéria Rima, do qualjá falei (pouco) por aqui alguns anos atrás.
A chamada cultura urbana era um dos fios condutores do debate. A plateia era de adolescentes animadíssimos, e a mesa, um bocado heterogêna. Participávamos eu (no papel de jornalista, crítico musical e, suponho, representante da "minoria branca" de que falava Claudio Lembo, aquela mesma que anda ultimamente cuspindo fogo e ódio contra NORDESTINOS por conta da eleição não de um operário NORDESTINO, mas de uma mulher economista mineira-gaúcha para a presidência da República), o escritor Ferréz, os grafiteiros Tota e Binho, o artista plástico (argentino, radicado paulistano) Balzi e representantes do poder público local. Entre esses últimos, havia três integrantes da Guarda Municipal. E foi aí que os meus olhos se encheram de lágrimas, como de hábito.
Logo de cara percebi, meio sem perceber, um relativo isolamento dos três (dois homens e uma mulher - a única presente na mesa montada no palco do Teatro Municipal de Barueri) em relação a "nosotros". Sentaram-se juntos, num extremo do palco. À esquerda deles havia um assento vazio (no qual depois o inquieto Joul se acomodaria), a seguir o meu, depois Ferréz e os demais. Somente um dos policiais falou no início dos trabalhos (e não foi a mulher, se você me entende). Seu discurso procurou distinguir grafite de pixação, em detrimento dessa última, e foi contestado por Binho, Tota e, principalmente, Ferréz. Ninguém da plateia fez perguntas aos três. Aquelas coisas.
A certa altura, em meio a alguma fala, mencionei que eu era do Paraná. E percebi, meio sem perceber, um sobressalto ali nalgum lugar do meu lado direito. Mais adiante, num dos momentos em que o assento do Joul estava vazio, o policial mais próximo de mim me chamou num sussurro perguntou: "De que cidade do Paraná você é?". Maringá. "Eu também!". E me contou que não só ele (putzgrila!, nem o nome do cara eu fixei) é paranaense e policial, como também é o maestro e o regente da banda da polícia de Barueri.
Quando foi fazer suas considerações finais (sem ter antes feito as iniciais), o "Maestro" (como era tratado pelo porta-voz dos três - do qual, putzgrila 2!, também não fixei o nome) contou, ainda por cima, de sua pós-graduação e dos estudos que faz sobre samba de raiz, com auxílio de Raquel Trindade - que, Ferréz explicou, é filha do folclorista, poeta, ator, pintor, teatrólogo e cineasta (PERNAMBUCANO) Solano Trindade, figura histórica da movimento negro brasileiro.
Nessa rápida fala, o "Maestro" mencionou também como todo mundo se afasta imediatamente de um cara como ele, quando um cara como ele está vestindo farda. Disse que, por baixo daquele uniforme, mora um pai de família, um cidadão etc. Tive a impressão que aí os olhos dele marejaram, e foi aí que minha voz embargou - ou melhor, teria embargado, se eu não estivesse calado.
O debate terminou (muito bem, obrigado), e começaram apresentações artísticas da garotada de lá - e do histórico e formidável dançarino Nelson Triunfo, o "nosso" James Brown NORDESTINO-paulista-BRASILEIRO. (Nelsão, que não é besta nem nada, sabe quão legal é o Matéria Rima, do qual age como padrinho informal - ele esteve no palco dos rapazes quando se apresentaram no projeto "Prata da Casa" do Sesc Pompeia, quando eu era curador, nem sei mais em que ano.)
E eis que de repente, em meio às apresentações, o porta-voz dos policiais desabotoou o coldre (é assim que fala?), abandonou as armas na poltrona da plateia, subiu de volta ao palco e... pôs-se a dançar break!!! Foi ovacionado pela meninada, apesar do corpo não de todo adaptado à agilidade desconcertante da galera da street dance.
Somo mentalmente agora as intervenções de cada um dos policiais, e as minhas, e vejo que voltei a vivenciar hoje, num registro POSITIVO, muito diferente do que estava acostumado a raciocinar, aquilo que havia aprendido em "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988" (Boitempo, 2004), da historiadora Beatriz Kushnir. Um de meus livros-de-cabeceira, ele investiga as interligações e semelhanças sórdidas entre policiais, censores e jornalistas paulistas durante a fase de terror da ditadura militar brasileira.
Mas, de volta a Barueri, o evento começou debate e terminou festa. A molecada toda subiu no palco para exibir seus próprios passos de dança em meio a dançarinos, policiais, estudantes, rappers etc. A policial feminina não teve coragem de subir, muito menos eu, apesar de termos sido convocados pelo Joul.
Essas experiências de integração - ou de convergência, eu diria, usando a palavra que não me sai da cabeça desde domingo 31 de outubro - nem são uma grande novidade, como bem sabe o pessoal do AfroReggae lá no Rio de Janeiro, entre muitos outros. Mas foi a primeira vez que vi acontecer diante dos meus olhos, aqui mesmo em São Paulo, nesta terra mais tucana que petista onde, a acreditar no que se lê diariamente na "grande" mídia (e até mesmo em seu filhote rebelde Twitter), parece só existir uma elite branca escrota dominada pelo ódio aos nordestinos.
Vou te contar, eu vi de tudo um pouco lá em Barueri, menos um Brasil dividido em dois ou um estado de São Paulo pronto para aderir ao nazifascismo separatista. Terminei mais essa tarde feliz tomando café com bolachas com esse pessoal tão heterogêneo - e travando, pela primeiríssima vez em 42 anos de vida, diálogos completos, amistosos e despidos de qualquer temor com três policiais.
A chamada cultura urbana era um dos fios condutores do debate. A plateia era de adolescentes animadíssimos, e a mesa, um bocado heterogêna. Participávamos eu (no papel de jornalista, crítico musical e, suponho, representante da "minoria branca" de que falava Claudio Lembo, aquela mesma que anda ultimamente cuspindo fogo e ódio contra NORDESTINOS por conta da eleição não de um operário NORDESTINO, mas de uma mulher economista mineira-gaúcha para a presidência da República), o escritor Ferréz, os grafiteiros Tota e Binho, o artista plástico (argentino, radicado paulistano) Balzi e representantes do poder público local. Entre esses últimos, havia três integrantes da Guarda Municipal. E foi aí que os meus olhos se encheram de lágrimas, como de hábito.
Logo de cara percebi, meio sem perceber, um relativo isolamento dos três (dois homens e uma mulher - a única presente na mesa montada no palco do Teatro Municipal de Barueri) em relação a "nosotros". Sentaram-se juntos, num extremo do palco. À esquerda deles havia um assento vazio (no qual depois o inquieto Joul se acomodaria), a seguir o meu, depois Ferréz e os demais. Somente um dos policiais falou no início dos trabalhos (e não foi a mulher, se você me entende). Seu discurso procurou distinguir grafite de pixação, em detrimento dessa última, e foi contestado por Binho, Tota e, principalmente, Ferréz. Ninguém da plateia fez perguntas aos três. Aquelas coisas.
A certa altura, em meio a alguma fala, mencionei que eu era do Paraná. E percebi, meio sem perceber, um sobressalto ali nalgum lugar do meu lado direito. Mais adiante, num dos momentos em que o assento do Joul estava vazio, o policial mais próximo de mim me chamou num sussurro perguntou: "De que cidade do Paraná você é?". Maringá. "Eu também!". E me contou que não só ele (putzgrila!, nem o nome do cara eu fixei) é paranaense e policial, como também é o maestro e o regente da banda da polícia de Barueri.
Quando foi fazer suas considerações finais (sem ter antes feito as iniciais), o "Maestro" (como era tratado pelo porta-voz dos três - do qual, putzgrila 2!, também não fixei o nome) contou, ainda por cima, de sua pós-graduação e dos estudos que faz sobre samba de raiz, com auxílio de Raquel Trindade - que, Ferréz explicou, é filha do folclorista, poeta, ator, pintor, teatrólogo e cineasta (PERNAMBUCANO) Solano Trindade, figura histórica da movimento negro brasileiro.
Nessa rápida fala, o "Maestro" mencionou também como todo mundo se afasta imediatamente de um cara como ele, quando um cara como ele está vestindo farda. Disse que, por baixo daquele uniforme, mora um pai de família, um cidadão etc. Tive a impressão que aí os olhos dele marejaram, e foi aí que minha voz embargou - ou melhor, teria embargado, se eu não estivesse calado.
O debate terminou (muito bem, obrigado), e começaram apresentações artísticas da garotada de lá - e do histórico e formidável dançarino Nelson Triunfo, o "nosso" James Brown NORDESTINO-paulista-BRASILEIRO. (Nelsão, que não é besta nem nada, sabe quão legal é o Matéria Rima, do qual age como padrinho informal - ele esteve no palco dos rapazes quando se apresentaram no projeto "Prata da Casa" do Sesc Pompeia, quando eu era curador, nem sei mais em que ano.)
E eis que de repente, em meio às apresentações, o porta-voz dos policiais desabotoou o coldre (é assim que fala?), abandonou as armas na poltrona da plateia, subiu de volta ao palco e... pôs-se a dançar break!!! Foi ovacionado pela meninada, apesar do corpo não de todo adaptado à agilidade desconcertante da galera da street dance.
Somo mentalmente agora as intervenções de cada um dos policiais, e as minhas, e vejo que voltei a vivenciar hoje, num registro POSITIVO, muito diferente do que estava acostumado a raciocinar, aquilo que havia aprendido em "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988" (Boitempo, 2004), da historiadora Beatriz Kushnir. Um de meus livros-de-cabeceira, ele investiga as interligações e semelhanças sórdidas entre policiais, censores e jornalistas paulistas durante a fase de terror da ditadura militar brasileira.
Mas, de volta a Barueri, o evento começou debate e terminou festa. A molecada toda subiu no palco para exibir seus próprios passos de dança em meio a dançarinos, policiais, estudantes, rappers etc. A policial feminina não teve coragem de subir, muito menos eu, apesar de termos sido convocados pelo Joul.
Essas experiências de integração - ou de convergência, eu diria, usando a palavra que não me sai da cabeça desde domingo 31 de outubro - nem são uma grande novidade, como bem sabe o pessoal do AfroReggae lá no Rio de Janeiro, entre muitos outros. Mas foi a primeira vez que vi acontecer diante dos meus olhos, aqui mesmo em São Paulo, nesta terra mais tucana que petista onde, a acreditar no que se lê diariamente na "grande" mídia (e até mesmo em seu filhote rebelde Twitter), parece só existir uma elite branca escrota dominada pelo ódio aos nordestinos.
Vou te contar, eu vi de tudo um pouco lá em Barueri, menos um Brasil dividido em dois ou um estado de São Paulo pronto para aderir ao nazifascismo separatista. Terminei mais essa tarde feliz tomando café com bolachas com esse pessoal tão heterogêneo - e travando, pela primeiríssima vez em 42 anos de vida, diálogos completos, amistosos e despidos de qualquer temor com três policiais.
TECLADO POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES Ã S 01:35
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